terça-feira, 17 de julho de 2007

Quem és tu, mortal?

(7 Jun 2004)

Quem és tu, mortal?
Que acusas, julgas e condenas
Sentencias a mais dura pena
Lançando o infeliz à arena
Para do alto observar a cena!
Estais acima do bem e do mal?

Quem és tu, mortal?
Não respeitas a vida de ninguém
Que expões segredos de alcova
Do alto, só o olhar de desdém
Sem haver ninguém que o demova
Do seu incólume pedestal

Quem és tu, mortal?
Que te julgas superior
Crias o teu próprio barema
O usa sem qualquer pudor
Punes: mordaça e algema
Só para o gozo pessoal

És tu o umbigo do mundo?
És tu o buraco profundo
Por onde as coisas se vão?

Ou só descarregas ao lado
O teu sentimento frustrado
Toda vez que te falta o chão?

E em teu tosco devaneio
Não apresentas respeito
Pelo sentimento alheio

Fazendo tudo a teu jeito
Feres, sem menor receio
Da causa ou do seu efeito

E vendo você, meu jovem narciso
Seguro de si, à beira do abismo
Eu me divirto e controlo o meu riso
Pois esquece, não vê,
Na sua falta de ciso
Que até eu, um deus do Olimpo
Já fui colocado no ostracismo

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