sábado, 22 de setembro de 2012

Sussurro



(22/09/2012)

A tu que insistes que o peito
É pedra, granito e gelo
À prova e contra emoção

Que pensas, em teu pesadelo
Que a força vem em primeiro
Que apego trará o desgosto
Carinho é sinal de tormento
Que amor é igual a aflição

Que há que manter para sempre
E a todo o custo o governo
Pois se, por ventura, perdê-lo
Terás desventura e dor

Bem sei já sofreste o passado
E é duro deitar para o lado
O amargo do que já passou
Chuva que virou tempestade
Paixão que tornou-se maldade
E o bem que em mal transmutou

Mas peço que pare um segundo
Respire em passo profundo
E tente retirar um seixo
Depois o segundo, o terceiro
Até derrubar a muralha
Que barra o seu sentimento

Então desate a mortalha
Tecida a fio, a fel e espada
Que envolve o seu coração

E escute a voz terna e calma
Que em teu ouvido, acanhada
Cicia uma frase singela

Verás, pode ser diferente
É só ir sentindo o que sente
Separar do passado, o pra frente
Deixar ser levada à corrente

Pois o que ouvirás é tua alma
Dizendo só duas palavras
E sei, lembrar-te-ás de alguém
E entenderás a mensagem
Quando tua alma, tua amiga
Vier sussurrar-te “Ainda bem!”

Tudo o que posso dizer


(17/05/12)

Podia escrever dos teus olhos
Do brilho, a beleza, da cor singular
Mas não me recordo, desculpe
Se verdes, castanhos, azuis ou estranhos
Vi de relance, só por um segundo
Talvez por vergonha, talvez distração

Podia falar do som da sua voz
Doce melodia que de ti irradia
Das  notas, dos tons e da harmonia
Criar, metafórico, divina alusão
Mas foram tão poucas palavras
Rapidamente trocadas
Que nem lembro ao certo da sua  entonação

Podia falar muitas coisas
O cabelo
O sorriso
O seu brinco
Qualquer coisa em especial
Mas pra ser honesto, eu não poderia
Seria mentira
Mal te conheço
Nem sei de verdade
Quem realmente tu és

Mas uma coisa garanto
Pode estar certa
É verdadeiro:
Adoro o momento
Esse reencontro

As outras palavras, com o tempo,
Decerto o tempo irá me ditar...

Quem poderia prever?

(17/05/12)

Um dia você
De esgueira,
Discreta e faceira.
Mineira...
Aparece em relance
No canto do olho
Vaga imagem
Talvez ilusão

Buscam lhe os olhos
Aí você some
Vai pra não sei onde
Miragem
Fruto perverso
Da Imaginação

Porém, bem do nada
Fantasma
Direto do além
Reaparece
E faz um contato
E diz um olá

E apesar do hiato
No tempo e no espaço
Invade minha alma,
Invade minha mente
Enche-me a vida
De excitação...