terça-feira, 17 de julho de 2007

Beltame

(17/07/2007)

Encontro teus olhos
E como desperto
Em um novo dia
Vibra-me a alma
Cheia de encanto
Reforça-me a vida
Pulsa meu peito
Em repleta alegria

Tua chama me encanta,
Me encanta e incendeia
E sinto a paixão
A paixão no olhar
Paixão bem dispersa
Que bem disfarçada
A todos engana
E que só eu sinto,
E que só eu vejo
Quanto mais eu te vejo
Mais eu te desejo
E vejo
E sinto
E sinto e me iludo
E iludido eu minto
E minto a todos
E também a mim mesmo
E disfarço o desejo
Desejo contido, no fundo do peito
No fundo do peito, pra sempre retido
Pra sempre retido, junto ao teu olhar

E plácido estava
Em meu mundo perdido
Mas vens com a força
Com força de um sonho
Tu vens e desperta.
Desperta e me aturde
E desperto aturdido
E me vejo desperto
E acordo iludido

Sem forças me rendo
À força do olhar
E flerto
E enceno
E meço palavras
Pensando no dia
No dia ou na noite
Ou naquela hora
Em que serás minha

Porém, finda a noite
È tudo Ilusão
E como um punhal
Por entre costelas
Vem, rasga-me o peito
E vejo-te ao longe
Pois foste indo embora
E embora distante
Te vejo e te sinto

Mutatis Mutandis

(20/06/07)
Mutatis Mutandis
Mudando o que se pode mudar
A cada hora,
A cada lugar

É o chefe e subalterno
É colega em profissão
Dedicado ou displicente
Arquiteto e artesão

Ora aprende, ora ensina
Ignora e domina
Ora mestre
Ora aluno
Estudante e professor

Se é pai, também é filho
Já foi neto, é irmão
É o lider,
É o pária
É o amigo
É o mentor
É soldado e capitão

Mutatis Mutandis
Muitas mascaras
Cem papéis
Muitos eus do meu eu integrantes
Mal se passam alguns instantes
Não sou mais
Quem era antes

Vida

(15/08/05)

Pelas frestas dos dedos do corpo
És tu, vida, quem hoje te esvais
E se não mais consigo retê-la
Sinto o fim bem ali, sim bem perto
Um segundo, um minuto
Talvez pouco mais

Ao meu lado a presença eu sinto
Muita gente, pessoa querida
Para que no derradeiro momento
Minha alma liberta, de novo
Com amor logo seja acolhida

Mas ao contrário do bom senso
Eu não sofro em agonia
Vou sereno, mas vou triste
Misto de dor e alegria

De certo por, em dias pregressos
Já ter dito tudo que queria
Àqueles que sei que me amam
Tudo que no coração passava
Tudo que em meu peito ardia

Ao meu pai já disse que o amo
E, apesar de não te-lo ouvido
Senti muitas e muitas vezes
“Também te amo, meu filho querido”

À minha mãe eu já pedi desculpas
Com palavras e também com ações
Entendi o seu modo de vida
Suas críticas e as pregações
E a muito descobri, fui injusto
Não compreendendo seu jeito de ser
Mas fizemos, faz tempo, as pazes
Respeitando e o respeito ter

Meus irmãos, cinco vidas distintas
Cada qual em seu mundo, risonho
Cada um, uma história, um sonho
Um desejo de vida a seguir
Os amei e também fui amado
Em minha vida me deram o prazer
Das suas vozes, seus gestos, olhares
O prazer de poder conviver

Meus três filhos, a quem vi crescer
Entre um abraço, um beijo, um carinho
Entre um choro, um soluço, sozinho
Mesmo que em algum tão discreto
Sei que sabem do amor que reservo
Que reservo a eles pra sempre
Eterno, sereno e infinito

Há também você ali, minha amada
Olhos verdes, cheios de emoção
Que um dia cativou meus olhos
Escolhi-te em total opção
Como sempre falamos de tudo
Acertamos os problemas de então
Tudo dito, já disse mil vezes
És dona do meu coração

Agora sinto: é a Hora
Eu choro, não de desespero
É saudade, antes mesmo de partir
Então não chorem, nenhum de vocês
Quero um coro: rostos a sorrir

E se nada mais há para ser dito
Nada mais pra ser dito o será
Mas partindo, quero dizer algo
Algo curto antes que eu me vá
Uma frase, e resumo o que sinto:

“Eu os espero do lado de lá!”

Para minha irmã nº 2

(16/03/05)

Entardece,
O sol mergulha no horizonte,
Beija o mar,
Mescla cores em tons de canela
O azul, o vermelho, o laranja
Fim do dia em luz amarela

Chega a noite soturna
E deseja,
Com seu manto escuro como tela
Suplantar a beleza do dia
E pintar requintada aquarela

Mas sozinha não tem muita chance
Pede ajuda e até parceria
Pra criar o ser mais perfeito
Que reúna graça e harmonia

De Afrodite empresta a beleza
De Minerva a sabedoria
E empresta a força da terra
E do fogo, a paixão e energia

Desejando criatividade,
Pediu-a emprestada ao ar

Precisando de um toque de mistério
Tomou-o emprestado do mar

Ao céu foi pedir :”Dê-me o brilho!”
O brilho da estrela mais bela

E mesclando destes o nome
Batizou-te como MARISTELA!

O que é o amor?

(03/09/04)

O que é o amor?
Qual a sua definição?
Grande afeição de uma a outra pessoa?
Eu acho que não...

Eu também não saberia defini-lo
Porém acho que alguns indícios
Deste tão falado sentimento
Finalmente encontrei

Sabe aquela dorzinha
Que você sente dentro do peito
Quando na pessoa amada
Você começa a pensar?

Ou aquela vontade de ficar
Grudadinho dia e noite
E que quando a gente separa
Por um segundo sequer,
Dá a impressão que o mundo acaba
E que sem o outro não dá pra viver?

Ou quando se fica tristinho
Amuado, quietinho num canto
Só pensando naquela pessoa
E no quanto somos infelizes
Por não sermos correspondidos?

Desculpe caro ou cara colega,
Esta perdendo seu tempo!
Pois isto não indica amor
Isto é só um indicativo
De que você é um ser incompleto
E que procura lá fora
O ser que já está ai dentro.

Porque para amar de verdade
É preciso entender a sua alma
Pois é dai que o amor advém
Teu amor brota de dentro de ti
E não vem de mais ninguém.

Todo amor vem de dentro da alma
É doar e receber do outro a essência
Logo não pode haver amor
Sem haver correspondência

Como só pode amar
Aquele que ama a si mesmo
O amor vira coisa estável,
Não sujeita a altos e baixos
Alto se tenho a presença
Baixo se vou me afastar

Sendo conexão entre almas
Pouco importa a distância
Nem o tempo que possa passar
Nossas almas estarão em contato
Transmitem e recebem tudo que é preciso
Para o amor poder sustentar

Ai você fica mais leve
A alegria invade o seu ser
Mesmo só se sente completo
Você se nutre, não se dilui
Acaba-se a dúvida, instrui
O tempo não passa, flui
Importa o que sou e não o que fui

Então preste atenção no que digo,
Mesmo que lhe cause estupor.
Porque se é ruim, se é pesado,
Se dói, se não flui:
Desista e parta pra outra!
Isso não pode ser amor...

Adeus estrela

(05/08/04)

Adeus verde luz da tua estrela
Adeus, pois agora me deixas
Discreta e impassível te afastas
Indo para lugar incerto,
Mas certo, bem longe de mim.

Tu, iluminaste o meu dia
Tu, que minhas noites confortas
Trouxeste ao meu mundo a esperança
De poder amar novamente
Apesar dos percalços sofridos
Apesar de no amor ser descrente

Mas tu, estrela solitária
Que decidiste sozinha brilhar
Não quiseste pra ti meu planeta
Com meu coração tão sincero
Compor teu sistema solar

Adeus, pois se assim for,
Decerto assim o será
Fica somente a memória
Fica um retalho de história
História de fim singular
História que acaba bem antes
Antes mesmo de começar

Levar-te-ei, sim, comigo
Na mente, na alma e no coração
Levar-te-ei também bem na pele,
Minha mais nova cicatriz
Mas não levo de ti mágoa alguma
E desejo desejo sincero:
“Espero que sejas feliz!”

Que encontres tudo que desejas
Que encontres um dia alguém
E que seja a pessoa perfeita
Que talvez venhas a amar
Que ela te dê o que pedes
Mais o que eu poderia te dar

Quanto a mim, vou vagando
Por este universo sem fim
A procura da estrela singela
Seja verde, azul ou amarela
Que aqueça meu mundo outra vez
Quiças parecida contigo,
Mas que assuma que gosta de mim!

Tu que sais por esta porta

(24/06/04)

Tu que sais por esta porta
Toma um banho
Esfregua bem a pele
Deixa que a água leve
Qualquer resquício de saudade

Tu que sais por esta porta
Limpa e cuida estas feridas
Para que não virem cicatriz
E te recordem todo dia
Das malezas que te fiz

Tu que sais por esta porta
Tira a roupa
Ateia fogo
Para que não tenhas nelas
Nenhum vislumbre de passado

Tu que sais por esta porta
Limpa bem os pés antes de sair
Para que tuas novas pegadas
Em novos caminhos
Por mim não estejam contaminadas

Tu que sais por esta porta
Olha por cima do ombro
Abre o teu belo sorriso
Pensa o quanto não te mereço
Tem a convicção de que eu não era preciso

Tu que sais por esta porta
Liberta meu espírito
Condenado à certeza incomoda
De que com outro alguém
Um dia,
Entrarás em sintonia

Tudo passa

(22/06/04)

Passa hora
Passa o tempo
Passa o dia

Passo pra lá
Passo pra cá

Passa o sol, de vagarinho
Na diagonal da janela

Passo pra sala
Passo o canal
Passa o jornal
Passa a novela
Passo o olho na revista
Passa um programa de entrevista
Passa o filme

Passo pra janela
Passa um, dois... dez carros
Passa o passarinho
Bem-te-vi!
Ou será que não?
Passa um besouro
Daqueles fedorentos
Passa o vizinho
Passa a molecada
Passa a mãe apressada
Passa um cachorro
Deixa uma lembrança na calçada
Passa o vovô, sem pressa nenhuma

Passo pra cozinha
Fominha...
Passo pra sala
Passo pra poltrona
Passo pro quarto
Passo pra cama

Passa hora
Passa o tempo
Passa o dia

Passa a tarde
Passa a noite
Passa outro jornal

Só não passa mesmo você
Na minha caixa postal!

Sonho de uma noite de inverno

(22/06/04)

Sol!
Suor
Sal
Sunga
Sand
Sea
Sundown

Sol!
Samba
Skol
Skin
Siri

Sol!
Sede
Suco
Salada
Sorvete
Sacolé

Sol!
Saara
Siroco
Seca
Sacanga
Sufoco

Sol!
Sacada
Som
Somebody
Sisal
Sacanagem

Sol!
Sotavento
Sonar
Surubim
Surf

Sol!
Solstício
Sunset
Sorriso
Sossego
Siriri

Sol!
Sombra
Soneca
Sonho

Sol-posto
Suspiro
Soluço
Sobressalto!

Definitivamente,
Este vai ser um longo inverno!

Crescer e sofrer

(18/06/04)

Crescer e sofrer!
O que tem em comum
Estes verbos
Além da conjugação?
Dizem que andam sempre juntos
Incógnitas da mesma equação

Crescendo se sofre
Sofrendo se cresce
Diretamente proporcional
Logo a dor só aumenta
Quanto mais próximo o final

E crescer é inevitável...
É o curso da natureza
Fato que as vezes te deixa
Impotente e instável
Mas é exatamente nele
Que residem a graça e a beleza

Cresce o corpo e a responsabilidade
Crescem os dígitos da sua idade
Cresce a barriga e o colesterol
E a necessidade de um cachecol
Cresce a família
Cresce a despesa
Cresce o volume do seu trabalho
Cresce a chatice, decesce a beleza
E a velocidade com que se vai seu salário

Mas se crescer é inevitável
Sofrer eu acho que não
É só manter a esperança
E olhar com olhar de criança
Chegando à constatação
De que a vida é sempre viável
Não importa a situação

Porque se assim o fizer
Também cresce a alegria
A alegria de estar vivo
E vivo,
Poder viver mais um dia!

Vamos almoçar? (ou Anorexia)

(17/06/04)

Mas é claro
Eu aceito almoçar
Escolha a hora
O dia e o lugar
Só fique atento
Ao meu paladar

Eu não como carne
Principalmente a vermelha
E estou dispensando
Um frago na grelha

Coisas com ovo
Me dão queimação
Não como presunto
Nem requeijão

E sendo bem sincera contigo
Não como nada
A base de trigo

Nada de pizza
Ou de italiana
Me faz passar mal
Mais de uma semana

Não gosto de massa
Nem molho vermelho
Não gosto de rã,
Não gosto de coelho

De azedo, de amargo
Ou do Bechamel
E, meu Deus do céu,
Sem molho de aspargo

Se veio do mar
Me dá alergia
Seja camarão
Polvo ou enguia

Salmão ou atum
Cação ou namorado
Só de pensar
Já fico empolado
(tenho o corpo empolado)

Agora atenção,
Por favor me escute
Dispenso pepino
Dispenso chucrute
Porco e salcicha
nem hoje nem amanhã
Por isso esqueça
A comida alemã

Tortilhas? Detesto!
Feijão me dá gases por mais de um ano
Portanto esqueça
Qualquer mexicano.

De pratos com arroz
Já tive overdose
Milho é pra pobre
Odeio lactose

Eu não como fruta
Não como linguiça
Não como verdura
Não como hortaliça

Não gosto de alface, tomate...
Salada, enfim

Qualquer outra coisa
Está bom para mim!

Quem és tu, mortal?

(7 Jun 2004)

Quem és tu, mortal?
Que acusas, julgas e condenas
Sentencias a mais dura pena
Lançando o infeliz à arena
Para do alto observar a cena!
Estais acima do bem e do mal?

Quem és tu, mortal?
Não respeitas a vida de ninguém
Que expões segredos de alcova
Do alto, só o olhar de desdém
Sem haver ninguém que o demova
Do seu incólume pedestal

Quem és tu, mortal?
Que te julgas superior
Crias o teu próprio barema
O usa sem qualquer pudor
Punes: mordaça e algema
Só para o gozo pessoal

És tu o umbigo do mundo?
És tu o buraco profundo
Por onde as coisas se vão?

Ou só descarregas ao lado
O teu sentimento frustrado
Toda vez que te falta o chão?

E em teu tosco devaneio
Não apresentas respeito
Pelo sentimento alheio

Fazendo tudo a teu jeito
Feres, sem menor receio
Da causa ou do seu efeito

E vendo você, meu jovem narciso
Seguro de si, à beira do abismo
Eu me divirto e controlo o meu riso
Pois esquece, não vê,
Na sua falta de ciso
Que até eu, um deus do Olimpo
Já fui colocado no ostracismo

Sem mensagens

(26/03/04)

Você não tem novas mensagens!!!
Maldita secretária!
Desta minha vida hilária
Que repete sempre a mesma mensagem
Que parece reciclada
Numa usina de compostagem.

Você não tem novas mensagens!!!
Afinal...
Tudo no mesmo estado
Onde está aquele recado?
Que espero frustrado
E me pergunto pra que?
Auto prazer em me ver sofrer?

Você não tem...
Vontade?
Calor?
Ardor?
Falta de pudor?
Ou só lhe restou a maldade
Pra gozar com minha dor?

Qual é, afinal, meu defeito?
Imploro que me diga...
Olhos grandes?
Big Nose?
Muito pelo?
Muita barriga?

Ou meu defeito é te amar demais?
A ponto de tornar banais
Todo e qualquer sentimento?

Maldita!
Biscate!
Te maldigo e faço pouco
Até tua última geração...
Mas porque não me retorna
Ao menos uma ligação?

Me embriago
Te esqueço
Não quero nem saber,

E pra onde quer que eu olhe
Só vejo uma miragem
Aquela maldita secretária
Insistente, em me dizer:
Você não tem nova mensagem....

É brincadeira!

(13/09/03)

Pique-esconde
Cabra-cega
Trepa-trepa
Pega-pega

Pula, pula!
Pula carniça,
Pula corda,
Pula sela...

É ciranda,
É cirandinha,
Joga bafo,
Figurinha

E a Cecília
Do Bonfim
Põe o lenço
Atrás de mim

Tem queimada
Passa anel
Amarelinha,
Inferno e céu

Taco, peteca:
Fio à pavio.
Com a mãe da rua
O corrupio

Da boca do forno
Tiro a panela
A mesma da velha
Vaca amarela

Bola de gude
Piorra, pião
Três marias
Pipa e balão

Balança você!
Balança caixão!
Beijo, abraço
E aperto de mão...

Outros tempos
Outra era
Uma nova geração

Fora o velho!
Viva o novo!
Conceito de diversão

Vem o homem
Rouba a cena
Rouba tudo!
Põe na arena
O jogo de ação

Mata o monstro,
Mata o tempo,
Mata o mito!
Mata-mata...
A imaginação!

Procura-se

(22/07/2003)

Preciso da sua ajuda para encontrar uma pessoa. Talvez alguém a tenha visto por ai, assim segue a sua descrição.

Bom, ela é bonita. Não, não é linda e deslumbrante ou o perfeito modelo da Capa de Marie Claire. Não se encaixa em nenhum estereótipo. Sua beleza singela agrada aos olhos por possuir harmonia nos traços de seu rosto. Nada de mais. Para alguns pode até ser taxada de "simpática", ou, como se diz por ai, a feinha arrumadinha. Pura maldade!

Olhos, nariz e boca, claro, mas nada muito excepcional. Apenas aquela coerência de traços é que é notória.

Quanto ao corpo? Não sei bem ao certo, porque não é algo que precisei reparar. Sabe como é: é bobagem achar que um corpo lindo irá manter-se impecável para sempre. A gravidade é implacável.

Mas ela é preocupada com o seu próprio corpo e gosta muito de estar bem com ele. E cultiva toda sorte de hábitos saudáveis. Isso é legal nela, porque, você sabe, eu mesmo preciso me cuidar. Sabe aqueles quilinhos? Pois é.

E ao lado dela seria tão mais fácil administrá-los. Não é que eu precise de estímulo externo pra me manter em forma...


A quem estou tentando enganar? Preciso sim, ou então passo a comer toda a sorte de bobagens e ai... Bom, mas isso é outro assunto.

O que mais? Sim, inteligente! Não que ela seja nenhum gênio, mas o suficiente para estabelecer uma conversação gostosa e fluente, nunca incluindo no meio de um diálogo algo do tipo "Acho melhor NOSCO atravessarmos". Também tem alguma noção de como se comporta o nitrogênio líquido... Bom, deixa isso pra lá.

Mas a sua maior qualidade está mesmo nas pequenas coisas que ela faz.

Aquelas, bem pequenininhas mesmo, mas que fazem a maior diferença.

Sabe como é?

Dividir uma taça de vinho enquanto cortamos alguns legumes na cozinha para um almoço feito a quatro mãos em um fim de semana. E depois sair para comer fora e rir muito relembrando o sabor pouco agradável do resultado.

Gostar de receber um morango ou outra fruta da estação, num ritual primitivo de alimentação boca a boca.

Colocar pasta na sua escova de dentes, enquanto você toma o seu banho matinal.

Esperá-lo à noite, naqueles dias em que você tem que trabalhar até mais tarde e cansada adormecer no sofá só para você poder carregá-la no colo até a cama.

E quando você chega de péssimo humor, cansado, só querendo dormir, ela deita-se ao seu lado e lhe abraça. Inicialmente com um braço, depois com uma perna sobre você e encostando sua boca junto ao seu ouvido e sussurrando: "Que pena! Justo hoje que eu estava te querendo um montão".

Também detesta brigar, e quando sente que você está muito a fim, lhe mostra, com palavras firmes, mas ao mesmo tempo doces, o quanto você está sendo idiota, deixando-o com a maior cara de tacho.

Tem também aquele olhar. Sabe, ela olha pra você fixamente por uns três segundos com aquele olhar terno, meigo, profundo e quente, que lhe transmite apenas duas palavras: "TE AMO!".

E porque ela me deixou? Ela não me deixou. Na verdade eu nunca cheguei a conhecê-la. Nem sei bem ao certo se ela existe.

Por isso peço a sua ajuda.

E se você, meu amigo, conhece alguém assim, cative-a e não a deixe escapar de maneira nenhuma, ou, me avise.

Seguramente, um de nós dois será o homem mais feliz do mundo!