segunda-feira, 12 de maio de 2014

O que há no seu olhar?


(12/05/14)

O que há no seu olhar?
Que me encanta, me fascina
Que transpassa, me transporta
Mesmo da fotografia
Para um mundo bem distante
Onde vivo a utopia
Ilusão de ser seu par

Ou será este sorriso
Paradoxo impreciso
Tão alegre, entristecido
Que perturba,
Com augusta força, angúria
Devaneio de te amar

E lá vais tu com teus amigos
Cinco milhões de sorrisos
Todos jovens, divertidos
Em um mundo proibido
De piscinas e ACiSos
Que a vida em seu capricho
Em uma peça do destino
Disse não, não posso entrar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Astros
(21/11/2012)

Homem é Sol, mulher é Lua
O Sol é quente, forte, cheio de energia e é muito, mas muito previsível.
A Lua é candida, delicada, misteriosa, muda de cara a cada noite e chega atrasada 50 minutos todos os dias...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

À você, companheira

(04/11/2012)

É tarde da noite, então me recolho
Perturba o escuro
Em fraco vermelho, em branco ou ciano
Efeito estrobo da luz da TV

Aquele som baixo, abafado e rouco
Vai dando, insistente, em segundo plano
Um peso aos olhos e vai, pouco a pouco
Cobrindo me a mente com o manto do sono

Já é madrugada
A tela se apaga
Não vejo mais nada
E é bem nesta hora que você se apresenta
De leve, esperta, entra sorrateira
Pé ante pé, vem, invade a soleira
Exige o espaço, um lugar pra ficar

Você ali perto
Rondava de esgueira
Espera o instante da aproximação
Não pede licença
Só enche o meu quarto com sua presença
Se dá o direito de usucapião

Você, companheira de muitos percalços
Que em muitos momentos esteve comigo
Momentos alegres, de dor ou perigo
Você é a única que vem visitar

Você é madona
Governa-me a vida
Nuca me abandona
Nem quando eu queria

Por ser impossível evitar sua vinda
Lhe acolho, lhe chamo agora de amiga
Lhe convido pra cama
Lhe cubro em lençóis
Lhe abraço, lhe beijo
Me deixo envolver
Pois sei, que amanhã, mesmo que o dia inteiro
Não veja sua sombra, que esteja ausente
Já tarde da noite você voltará

Você é a única com quem posso contar
A quem, de verdade, entrego o coração

Minha querida e amarga
Total Solidão

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Maldita a hora

(26/10/2012)

Maldita a hora que encontrei você
Que permiti que entrasse em minha vida
Que me dei direito a sonhar
De voltar a amar, algum dia
De pensar e dizer-lhe “Ainda bem!”

Maldita a hora que me atirei em sua teia
De cabeça, sem tino, sem medo
Entregando-lhe os meus segredos
Minha esperança e sossego
Meu coração corrugado, mais uma vez colocado
Em fina bandeja de prata

Maldita a hora em que me cobri de ilusões
Que vislumbrei um futuro distante
Onde eu e você de mãos dadas
Como sempre fizéramos antes
Sob a luz magenta, ao poente
Caminhávamos rumo ao horizonte

Hoje sigo em passos incertos
Sem saber o que fora verdade,
Se tudo foi tudo e apenas
A mais deslavada mentira

Agora que pôs-me pra fora
Daquilo que quer pra sua vida
Fico aqui remoendo a pergunta
Que o tempo mudou o sentido.
De doce, terna e sublime
À fel que amarga-me a boca
Que brado aos céus em voz rouca:

Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você assolando minha vida!?!?

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sonhos (ou réplica a Yeats)

(11/10/2012)

Nunca ponha os  teus sonhos
Onde alguém possa pisar
Põe na linha do horizonte
Pra que um dia, tu e o outro
Possam juntos ir buscar

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cadê você?

03/10/2012

Cadê você?
Que em meu pensamento
A todo momento
Causa um misto de ira, saudade
De dor e prazer?

E cadê você?
Coração de pedra
Que finge ser forte
Ignora o encanto, da vida e do tanto
Que temos, enfim?

Será que não vê
Que o brilho da lua
Do mar, o ruido
Não tem mais sentido
Se não posso te ver?

O filme, a musica
O dia, o som
Me lembram de tudo,
Do que nós vivemos
E mais, do que mais
Poderia viver

Sem muita esperança
Olhando pra rua,
Rostos estranhos
Vem , cruzam  janelas
Mas não é aquela
Por quem eu procuro

Mantém-se distante
No limbo, no escuro
E a todo minuto
Assalta-me a mente
Lembrando o passado

E sem entender o que deu errado
Apenas procuro confuso
Sem prumo, sem norte, sem rumo
Só sigo, assim, cego e seguro
O instinto que soa absurdo
Buscando, em vão,  um  porquê


sábado, 22 de setembro de 2012

Sussurro



(22/09/2012)

A tu que insistes que o peito
É pedra, granito e gelo
À prova e contra emoção

Que pensas, em teu pesadelo
Que a força vem em primeiro
Que apego trará o desgosto
Carinho é sinal de tormento
Que amor é igual a aflição

Que há que manter para sempre
E a todo o custo o governo
Pois se, por ventura, perdê-lo
Terás desventura e dor

Bem sei já sofreste o passado
E é duro deitar para o lado
O amargo do que já passou
Chuva que virou tempestade
Paixão que tornou-se maldade
E o bem que em mal transmutou

Mas peço que pare um segundo
Respire em passo profundo
E tente retirar um seixo
Depois o segundo, o terceiro
Até derrubar a muralha
Que barra o seu sentimento

Então desate a mortalha
Tecida a fio, a fel e espada
Que envolve o seu coração

E escute a voz terna e calma
Que em teu ouvido, acanhada
Cicia uma frase singela

Verás, pode ser diferente
É só ir sentindo o que sente
Separar do passado, o pra frente
Deixar ser levada à corrente

Pois o que ouvirás é tua alma
Dizendo só duas palavras
E sei, lembrar-te-ás de alguém
E entenderás a mensagem
Quando tua alma, tua amiga
Vier sussurrar-te “Ainda bem!”