terça-feira, 28 de abril de 2009

Peixes

(01/10/08)

Como um peixe
Sem aviso
Na tua rede enroscado
Indefeso e complacente
Como obra do acaso
Tua vida vai mudar

Encantada com a beleza
Com a doçura, com a pureza
Toda sorte de fineza
Com certeza o adotarás

Se revela um ente mágico
Um Netuno, Posseidon
Que contempla mil desejos
Satisfaz tua vaidade
Tua libido, teu prazer
Quase tudo que tu pedes
Quase lê a tua essência
Vê? Completa tua existência
Teu almoço e teu jantar

E lá no fundo, tu, faceira
Tem-se a última e a primeira
Deste ser maravilhoso
E resolves, pobre incauta
Tua alma lhe entregar
Fazer planos, o futuro
Um “felizes para sempre”
Tua vida, teu altar

Não te ocorre, num momento
Questionar a sorte grande
Perguntar à cartomante
Se és tu dona da rede
Ou, em um truque ilusionista,
Se apenas nela estás?

De repente, minha princesa
Toda sorte de certeza
Como um castelo de areia
Na tua frente vai ruir
Como um peixe, esse peixe
Logo ganha a correnteza
Do riacho ao rio, o mar

Como um peixe vai embora
Sem motivo aparente
Para águas mais profundas
Para nunca mais voltar

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